18 de maio de 2011

Madeira morta em Palmatum

          Hoje realizei o trabalho de madeira morta em meu palmatum.
          Transformei duas grandes feridas em um único grande uro, com sinais de envelhecimento e que deu bastante caráter à árvore.
          Como foi minha primeira vez nesse tipo de trabalho, fui aprendendo ao passo da realização, e acredito ter ficado bastante satisfatória para um primeiro contato com esse tipo de ténica.
          Utilizei a microretífica, fui testando diversas ponteiras, aliás, até quebrei um disquinho, o que não causou nenhum dano físico a mim, pois, estava utilizando os óculos para esse tipo de trabalho como EPI.
          Seguindo minha linha de raciocínio, fui escarificando, criando sulcos na madeira morta para que ficasse o mais natural e assimétrico possível. 
          Antes de aplicar a calda queimei um pouco da madeira e misturei um pouco de cinzas de madeira à calda para dar esse tom acinzentado e trazer mais naturalidade. De cara não gostei muito da cor, mas conforme os dias forem passando, ela vai tornando-se mais suave e menos marcante, harmonizando com o restante.
          Mas de verdade, esse trabalho me trouxe imensa satisfação, pude perceber que sou capaz, e o tempo irá me lapidando assim como a natureza faz com as árvores.
Estou muito feliz!!!

Madeira logo após poda de galho desnecessário na parte superior

Madeira já trabalhada com aplicação de calda ainda molhada
Vista de baixo pra cima da madeira morta. Essa parte vazada ainda precisa de um pouco mais de trabalho para tirar esse aspecto cilíndrico e nada natural


Já com a calda mais seca e mais harmônico com o restante



          Alguns ajustes ainda são necessários, como a parte que vaza o tronco pra cima e um "calombo" bem na base do uro no lado esquerdo como mostra a foto a cima, ali ainda pretendo dar mais uma trabalhada para remover essa calosidade e ocar um pouco mais. Mas como temos que ter paciência, acho que para um primeiro momento já trabalhei bem, e acredito que suavisei bem o aspecto do tronco dessa árvore que não tinha nenhuma expressão.
          Aos poucos, ela vai sendo lapidada...

Fiquem à vontade para comentar!!

Abraços,
Leonardo Couto

4 comentários:

  1. Olá Leonardo

    É corajoso da sua parte autodicdáticamente tentar este trabalho!
    Penso que para um próximo trabalho será melhor levar algumas coisas em consideração.
    Eu quando faço este tipo de trabalho em caducas prefiro alargar primeiro a ferida deixando secar posteriormente.
    Primeiro é mais fácil trabalhar a madeira quando ela está seca (deixa de ser tão fibrosa) e segundo, assim as linhas de seiva têm tempo para se adaptar ao novo percurso.
    O que você fez de trabalhar a madeira "fresca" e depois imediatamente pintar com liquido Jin pode implicar um risco para a planta pois ao aplicar liquido Jin em partes ainda vivas da madeira esse mesmo liquido pode teóricamente entrar em quantidades diminutas na seiva da planta causando envenenamento ou morte de partes de tecido vivo mais perto da contaminação.
    Tratar a madeira "fresca" logo com liquido Jin é também um erro na minha opinião pois tamto em coníferas como caducas ou folhosas a madeira depois de ser trabalhada terá de envelhecer sem protecções desse tipo que só vão impedir o bom amadurecimento da madeira.
    Normalmente eu deixo a madeira "fresca de Jin ou Shari envelhecer sem liquido Jin durante + ou - 2 anos.
    Outra coisa é que mesmo utilizando cinza para criar uma cor mais acinzentada penso que o resultado será mais natural numa caduca se utilizar um outro preservante de madeira que não seja tóxico e que não branqueie a madeira depois do tratamento.
    Eu muitas vezes nas caducas não utilizo nada para proteger a "madeira morta" deixando ela se deteriorar naturalmente.
    Um truque que uso após o trabalho em Uros é misturar umas gotas de guache preto com água e aplicar essa mistura sobre a madeira.
    Ao secar se o fizer bem vai parecer que a madeira já está envelhecida à anos.
    Desculpe tantas "correções" mas eu penso que isso é normal quando se experimenta com esse tipo de trabalho sózinho.
    Um abraço

    ResponderExcluir
  2. Olá Rui!!
    Mais uma vez agradeço a sua preocupação em me ajudar!! Agradeço e acho muito bonito de sua parte, essa preocupação em passar ensinamentos de forma tão detalhada, obrigado... Quem dera se por aqui eu conhecesse pessoas com esse mesmo afinco...
    Quanto à coragem, eu não costumo ter, mas penso que preciso meter a cara já que sou eu comigo mesmo pelos caminhos da arte...
    Acompanho sempre seu "Jardim" e babo por ele, com imensa vontade de estar ali, compartilhando cada momento dentro da arte, aprendendo ao máximo, mas infelizmente não tenho essa oportunidade, nem aqui...
    E também fico com receio em perguntar muitas coisas, no seu blog por exemplo, e parecer um chato...
    Vontade eu tenho muita, fome de conhecimento também...
    Se puder me indicar alguma literatura que contenham esse tipo de cuidado, assim como técnicas mais específicas, ou me enviar por e-mail algum material de estudo que tenha sido útil em seu aprendizado, eu ficaria imensamente feliz e agradecido...
    Vontade e amor eu tenho muito...
    Só me faltam algumas ferramentas e alguém para orientar...

    Mas me diga, apesar dos erros, o que você achou do acabamento estético que dei nesse uro num primeiro trabalho, a forma como o criei?!

    Forte abraço!!

    Leonardo Couto

    ResponderExcluir
  3. Eu acho que para uma primeira tentativa o trabalho não está nada mal!
    Algumas partes vivas provávelmente vão acabar por secar devido ao seu posicionamento mas essa será a contribuição da árvore para a melhoria do seu desenho LoL.
    No trabalho com os meus dois Mestres a prática é a parte central do trabalho e portanto não possuo textos que lhe possa fornecer.
    Mas o maior inspirador e guia no nosso trabalho deve ser a própria Natureza e aí não custa nada dar passeios levando a camara fotográfica efotografando todos os pequenos detalhes do que vê.
    Eu quando comecei com Bonsai (nessa altura vivia na Holanda) dava muitos passeios pelas dunas (partes de reservas naturais) e vi exemplos de tudo o que precisamos fazer com os nossos Bonsai.
    Uros, Jin com formas incriveis, Sabamiki etc.
    As lições estão nos detalhes e aprender as diferenças entre a maneira como os vários tipos de madeira deterioram ao longo do tempo.
    Com o tempo você vai lá chegar pois possui as coisas mais preciosas a ter nesta Arte: curiosidade, espirito inventivo e perseverança.
    Abraço

    ResponderExcluir
  4. Olá Rui,

    Bom, entendo e me deu ainda mais vontade em ter esse tipo de vivência que você tem...
    Obrigado mais uma vez pela palavra de incentivo!!
    Um dia alcançarei a sensibilidade e espertize necessária para proporcionar o melhor para essa arte...
    Forte abraço,

    Leonardo Couto

    ResponderExcluir