31 de outubro de 2009

Mame Bonsai em Bunjin (Literati)

Esse é um bonsai mame, essa classificação se dá, pois eles são pequenos bonsai com até 15 cm de altura da base do vaso à copa. Existem outras classificações com relação a tamanho. Basicamente temos três grupos: desde os pequenos até 30 cm, os médios com até 60 cm e os grandes de no máximo 120 cm*. Mas o assunto desse post é esse exemplar de junípero shimpaku com seus tenros dez anos. Pertencente à família das coníferas pode tranquilamente passar dos 300 anos. Conífera é a família de árvores que mais vive, na Suécia existe uma árvore ainda viva da espécie Picea abis que se estima em mais de 9.500 anos.
Essa espécie é perene, ou seja, suas agulhas – folhas – são verdes o ano inteiro, e necessitam de pelo menos 6 horas diárias de sol para se manterem saudáveis, assim como seu substrato – solo – precisa estar sempre úmido para não haver perda hídrica e debilitar suas raízes, mas vale lembrar que úmido não é encharcado, pois o excesso de água também prejudica e apodrece as raízes. O segredo é ter equilíbrio, outra virtude que a milenar arte do bonsai proporciona, assim como a vital paciência.

A estilização desse bonsai me causou grande dúvida e muita reflexão desde que o adquiri há pouco mais de um ano. Ele possui logo a cima do seu nebari – final da raiz e início do tronco – um belíssimo “uro”, um furinho deixado pela cicatrização de uma poda drástica de galho rente ao tronco. Na natureza isso acontece geralmente após alguma intempérie como um raio que atinge o galho da árvore o partindo, o restante que fica, caso não rebrote, acaba apodrecendo no decorrer dos anos até cair deixando um buraco no tronco, o que na floresta por acaso, acaba servindo de moradia a pequenos animais, no bonsai isso é valorizado, pois, como na natureza esse processo é bem lento, confere mais idade à planta e mostra sua capacidade de sobrevivência ao longo do tempo.
Voltando da brevíssima explicação sobre “uro”, o que me deixava na dúvida era decidir a frente da planta, afinal, eu quero mostrar esse uro interessante, segundo, pois ele tem um movimento de tronco muito apropriado para o estilo moyogi (tronco sinuoso, em forma de “s”) já com um dos galhos prontos para a tração e futuro desenvolvimento, e, com alguma educação, também no estilo shakkan (tronco reto inclinado). E por último vinha o medo de mexer com a planta, correr o risco de fazer algo errado e mais medos típicos dos iniciantes na arte. Contudo, para que ele atingisse o estilo moyogi de forma minimamente pronta, eu levaria muitos anos para conseguir isso. É fato que a arte bonsai requer paciência, e por isso levei mais de um ano para resolver que rumo seguir para não tomar nenhuma decisão precipitada, entretanto é bom que exerçamos o estudo das possibilidades que cada planta tem. E após muito pensar e visitar inúmeras galerias de fotos me inspirei em prepará-lo no estilo literati (estilo em que o tronco é limpo com a copa reunida em apenas um lugar, na ilustração a seguir poderemos entender melhor). Levarei alguns anos para que ele fique mais compacto e fiel ao estilo, mas o resultado final será muito bom, além de mais rápido, quando digo rápido, pode-se colocar aí uns cinco anos pelo menos. Ele será o primeiro literati de minha coleção, pois eu já tenho um shimpaku em moyogi de 24 anos com raiz sobre a rocha muito bonito também!


Essa é uma projeção do que pretendo que ele se torne após a estilização. No desenho estudei o tronco e tirei a parte verde do ápice, nos galhos que ficaram secos pretendo fazer os “jin”, que é justamente um galho morto, muito comum em coníferas devido à morte natural do galho ou ação do tempo de forma acidental, como um raio que o atinge. Dessa forma ele desenvolverá sua brotação na parte de baixo preenchendo todos os galhos inferiores dando um visual de uma árvore bem velha e resistente à ação do tempo, e ainda fustigada pelo vento, com toda a brotação crescendo somente para um lado, incorporando dois estilos, fuckinagashi e literati.
Pretendo fazer todas essas intervenções junto com seu replantio, pois é bom que ao passo em que diminuamos a massa arbórea, diminuamos também, a massa radicular para que fiquem na mesma proporção, raízes e folhas. Sobre o vaso, creio que para o conjunto ficar mais harmônico, quero trocar por um de cor mais escura, um tom de marrom com caramelo talvez, e de no máximo 4 cm de altura. A opção pela mudança de cor do vaso se dá, pois a me ver, (lembrando que é uma opinião minha sem estudo aprofundado) o tom azul ou demais cores que fujam às nuances do marrom, sejam mais legais e proporcionem maior harmonia, quando a planta contida nele seja espécie de floração como as caliandras e azáleas, ou caducas em que suas folhas mudam de cor no outono e caem no inverno como os aceres e ulmus dando um aspecto muito bonito no contraste da planta com o vaso. Quando se trata de espécies perenes, o marrom, para mim, é o mais usual.
Assim que começar a mexer nela posto o passo-a-passo da intervenção.
Espero que tenham gostado!
Até o próximo!


* Para mais entendimento sobre classificação quanto ao tamanho visite o site http://sergivaldo.projetobonsai.com/

23 de setembro de 2009

Primeira intervenção em Buxinho

Já se encontra disponível no blog novo post com atualizalção da planta. Clique aqui.

Esse é um buxinho, que também foi uma grande aquisição.
Estava eu passando as férias de meio do ano na casa da minha avó em Rio das Ostras - RJ, quando avistei um viveiro, todos que me conhecem sabem que não posso ver um viveiro que já vou logo entrando para observar as plantas e ver se tem algum material legal para bonsai. Andei por todo o horto e quando cheguei no último setor de plantas encontrei esse buxinho, quando pus os olhos nele, pensei é esse, ele tem um nebari muito legal, e na sua lateral tem um uro impressionante, característica que muito me agrada além de ser pequeno, aproximadamente 40 cm, e o melhor, aqui em minha cidade custaria em torno de R$ 100,00 e por lá eu paguei míseros R$ 20,00 pois justamente pelo lindíssimo uro, ele estava de escanteio e a preço de banana.
Infelizmente não tirei fotos dele antes da intervenção que eu seu Namizo fizemos, enfim, mas ele ainda tem um longo caminho para ser trabalhado...
Tiramos a planta daquele pote de plástico que as plantas ficam condicionadas no viveiro e podamos um pouco de suas raizes, além de tirar um pouco do embolorado de galhos que é peculiar ao buxinho formar.
Pretendo reduzí-lo um pouco, dando um novo ápice a ele para dar um certo movimento no tronco e aumentar a sua conicidade.
Vai ser preciso também dar uma reduzida nos galhos que formarão as almofadas de folhas e mais uma série de intervenções...
Mas por enquanto foi isso que fizemos, mexemos bem em suas raizes e tiramos metade de sua copa, e um mês depois da primeira intervenção, fiz uma desfolha parcial para estimulara o crescimento dos brotos laterais.
Agora é deixá-lo descansar e se desenvolver...

Abaixo seguem mais fotos dele, vejam, comentem e sugiram!








































18 de setembro de 2009

Última aquisição para o 1º post

Para estrear o Leonardo Couto Arte Bonsai, escolhi minha última aquisição, um Ulmus de 16 anos. Este bonsai, tem sua história, venho querendo comprá-lo a quase dois anos e sempre me faltava oportunidade, o que é compreensível para uma pessoa que está às vésperas da conclusão do curso de jornalismo, trabalha, cuida da casa, da cadelalinha, do aquário e de mais quase trinta plantas, entre bonsai, cactus e afins. Ufa, quanta coisa!

Bom vamos ao Ulmus!!
Este exemplar, com seus tenros 16 anos, na realidade ainda não é um bonsai, primeiro, pois segundo minha mestra Emiko Nakahara, para ser considerado um bonsai, de acordo com a filosofia japonesa, este precisa ter pelo menos 18 anos em treinamento, o que o torna um bonsai jovem ou pré-bonsai.
O treinamento de um bonsai consiste em fazê-lo aparentar ser uma árvore antiga, que persiste firme ao longo dos anos a mercê do tempo. Mas o que caracteriza uma árvore como velha ou nova? A sua aparência. Mas como analisar essa característica é assunto para uma próxima postagem.
Voltando ao Ulmus, este, apesar de me causar grande apreço, possui alguns aspectos que ao longo dos anos vou melhorar. Primeiro, pretendo deixá-lo passar a primavera, o verão e o outono, sem modificação, até por que ele está em pleno crescimento, a sua brotação está intensa, como vista nas fotos, e em apenas duas semanas após as fotos para esse post, ele está quase fechado de tantas folhas. Depois coloco fotos mais atuais. E segundo, pois o que pretendo fazer nele é algo bem delicado, um transplante. Nas fotos abaixo é perceptível na base do seu tronco, o nebari, um arame que o prende ao vaso, a meu ver, isso tem prejudicado a planta que está começando a ficar marcada pelo arame, dessa forma pretendo desamarrá-lo e diminuir sua massa radicular que começa a sair pelo fundo do vaso, depois disso vou dar uma poda estrutural para limpar a copa dos galhos que poluem visualmente a estética da árvore. A princípio é isso somada a rega regularmente, muito sol, dedicação e extrema paciência.

Confiram mais fotos abaixo e até o próximo post, comentem, sugiram e se deliciem pelos caminhos do bonsai que depois do primeiro passo, se torna um víciooo!!!