2 de maio de 2011

Zimbro em Fukinagashi

          Na postagem de hoje temos esse juníperus sinenses, zimbro chinês, shimpku ou kaisuca!! São tantos os nomes, que é bom citar os mais comuns para não haver confusão!!
Essa planta começou com um problema muito comum na espécie: amarelamento das agulhas.
Isso é diagnosticado facilmente, as agulhas começam a ficar com aspecto marrom e vão se esfarelando.
Existem duas formas de analisarmos se a planta ainda está viva: vendo se a ponta de suas agulhas apresenta brotação - se está com verde vivo -  assim como na axila interior dos ramos e galhos se existe alguma brotação. Para minha felicidade, a árvore apresenta os dois tipos de brotação. Outra forma, é algo extremamente minucioso, a análise das raízes.
          Muitos irão me criticar, pois, se a planta apresenta algum problema de saúde, não devemos mexer no sistema radicular. Mas, muitas das vezes o problema está no sustrato da planta, por isso é preciso esse processo cirúrgico. Assim que percebi que a planta apresentava brotação, resolvi fazer o transplante.
Nesse ponto, faço uma ressalva: é importante analisar bem as agulhas, quando a planta está viva, as agulhas apresentam um verde opaco, amarelado, apenas viçoso na ponta do broto, já quando a planta morreu de fato, ela simplesmente seca, passando do verde ao marrom em questão de dias, sei disso por experiência própria.
          Chegando às raízes, como já imaginava, encontrei um substrato extremamente argiloso e compactado, o que é um grande problema para as raízes das coníferas, que preferem solo arenoso e com boa drenagem. Contudo para minha surpresa, a planta apresentava uma massa radicular em excelente estado, uma ótima quantidade de raiz fina.

Como perceber se a raiz realmente está saudável??
          Em outra experiência com juníperus, quando meu mestre Namizo e eu, depois de analisar as agulhas e perceber que a planta estava viva, fomos verificar às raízes e vimos que grande parte se apresentava escura, quebradiça, apodrecida e sem capilares, e assim, com mínimo esforço, elas se desfacelavam nas mãos, arrebentavam igualzinho fio de cabelo. Quando a raiz é saudável, ela é viçosa, apresenta grande número de capilares e tem cor suave, além de apresentar maior resistência quando arrebentada.

          Infelizmente, não tinha em mãos um vaso apropriado para a espécie, que pede vasos escuros, o único que seria compatível com a árvore era esse claro escurecido pelo tempo!!
          Para o estilo, segui o caminho que a planta me conduziu e optei pelo fukinagashi. Cada galho e ramo foi aramado e direcionado com a intenção de passar o sentimento de fustigação pelo vento, criei alguns jins intercalados com os galhos vivos e um ten-jin - todos ainda serão mais trabalhados e refinados - por hora, apliquei a calda sulfocálcica na madeira morta e começei um shari que pretendo seguir até o ten-jin.
          A pedra que foi posicionada abaixo do primeiro galho com a função de segurar as raízes no solo, como se fosse uma rede, tendo em vista a nova posição da planta, assim como suas raízes muito finas correrem o risco de ser danificadas se fossem presas com arames, assim sendo, encobri as raízes e posicionei de leve a pedra, recobrindo com mais uma camada de sustrato.
          O sustrato é uma mistura de areia média, predriscos, caco cerâmico, areia pra gato, casca de pinus e terra vegetal, todos com granulometria parecida.
          O que mais me deixou feliz nessa planta foi a sensação que consegui fazer ela passar, para mim, ela realmente passa uma história de sobrevivência aos fustigantes ventos de uma ravina.

Vamos às fotos!!!
Detalhe da mariposa que pousou na hora da foto e posou também.
Acho que ficou mesmo uma árvore, já vieram até passar a noite...
Close-up na mariposa e na ponta das agulhas em verde claro de brotação nova

Então é isso, comentem!!
Forte abraço,

Leonardo Couto

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