27 de abril de 2010

Duas novas aquisições

Já se encontra disponível no blog atualização desse ácer tridente, clique aqui.

Depois de muito tempo afastado, estou de volta super feliz com minhas novas aquisições: um Ácer Tridente (folha de três pontas, tridente) e um Ácer Palmatum (folha de cinco pontas). Assim como os pinheiros negros estão para as perenes coníferas em uma coleção de bonsai, os áceres estão para as árvores de características caducas.
Mas o que são árvores perenes e caducas?!

Árvores perenes são árvores que não mudam sua aparência no decorrer das estações, elas se mantém verdes durante todo o ano, podendo florecer, como as azaléas, ou não como os shimpakus. O grande grupo que representa essa característica são as coníferas, que vulgarmente dizemos serem todos os tipos de pinheiros que vemos. São exemplos de coníferas as araucárias, os pinhos, as tuias, os juníperos et seq. Mas também são perenes as diversas espécies de fícus, as serissas, os buxinhos, conhecidos também como sempre verdes.

Já as árvores caducas são árvores que mudam sua aparência no decorrer das estações, assumindo formas variadas no decorrer do ano. Certamente você já viu em inúmeros filmes americanos árvores em tons alaranjados, avermelhados ou sem folha alguma, um exemplo imortalizado pelo cinema é Outono em Nova York, em que a paisagem assume um tom quase de sépia. Essa é a característica mais marcante das árvores caducas sendo bem mais recorrentes em zonas temperadas, onde as estações são muito mais definidas harmonizando o ciclo destas árvores. Basicamente o ciclo delas se apresenta da seguinte forma:

Primavera: Nessa estação a planta quebra sua dormência invernal e rebrota intensamente, é um momento de forte crescimento, suas folhas geralmente possuem cores vibrantes do rosado ao verde claro. Nos desenhos Disney é quando os animais acordam, as flores se abrem e a vida volta através das cores e do namoro entre os animais.
Verão: As folhas já assumiram o forte verde que as acompanharão até o outono, tudo é verde em variados tons. Ainda é época de crescimento e a vida na floresta segue a pleno vapor. Em via de regra a primavera e o verão são as melhores épocas para manutenção dos bonsai com podas, adubação e transplantes devido ao forte crescimento decorrente da estação, só devemos nos atentar quanto à aramação justamente pelo rápido crescimento da planta e conseqüente perigo quanto ao enforcamento da mesma com os arames.
Outono: Para as árvores caducas, não há momento mais bonito, elas mudam as cores de suas folhas, os áceres, do verde passeiam pelo laranja, amarelo e até mesmo pelo vermelho intenso. Os bosques, praças, avenidas e florestas participam de um espectro de cor fantástico, e dão todo aquele aconchego e romantismo da estação. Nesse período a planta começa a se preparar para o estágio de dormência para enfrentar o rigoroso inverno, e essa mudança na coloração das folhas nada mais é que o efeito da desaceleração do crescimento da planta, o fluxo de seiva diminui e as folhas por conseqüência morrem.
Inverno: É momento de repouso. Com a neve tudo adquire uma aparência mórbida e de desolação. As aves migram para o calor do sul e os ursos hibernam em suas tocas. E assim as árvores caducas deixam mostram a silhueta, os frondosos troncos e os galhos secos. Na arte bonsai, é um momento ideal para estudar a estrutura da planta e ver onde precisa ser podado no início da primavera, o que já pode ser conduzido, além de apreciar aquela pequena árvore sombria com cara de filme de terror, sem nenhuma folha.

Bom, depois de uma breve explicação sobre as diferenças entre perenes e caducas, vamos nos ater aos meus novos bonsai!!!

O ácer tridente era uma planta do horto do seu Namizo e tinha incríveis 1 metro e meio, aos quais reduzi para 37cm. Quando a vi me apaixonei, ela já está começando a ficar alaranjada e seu nebari possui duas raízes mais expostas que parecem duas patas de cavalo quando impinam, além de a meu ver, possuir potencial para o estilo chokkan(ereto formal, crescimento vertical reto) e boa brotação lateral. Como intervi fortemente na planta para envase, tirando 50% de suas raízes e reduzindo seu tamanho a 1/3 do que era, preferi deixá-la repousar, mas sei que ainda tenho muito trabalho a fazer, futuras brotações a conduzir, inclusive providenciar um vaso menor e melhor para ela. Por enquanto só estou tracionando de leve alguns de seus galhos. Seguem as fotos.


O ácer palmatum, comprei ontem em um horto aqui da cidade, que cultiva um certo desleixo com os últimos bonsai que ainda possuem para vender. Este palmatum é uma planta cara e difícil de encontrar com potencial legal para bonsai. Por isso quando vi, na hora comprei. Ele está um pouco debilitado, além de estar com sua raiz amarrada ao vaso que está quebrado, suas folhas estão um pouco enfraquecidas e as raízes já saem pelo furo de drenagem do vaso. Mas ele tem um potencial muito legal. Além de antes do inverno ficar com sua s folhas em um vermelho intenso como o de uma maça. De cara fiz uma poda em um galho grosso que estava crescendo em um lugar desfavorável, e mais abaixo, bem na frente da árvore fiz um uro que ficou bem legal, e daqui um tempo quero unir esses dois uros em um só, e quiçá atravessar a árvore. Seguem as fotos. Acer Palmatum em folhagem vermelha intensa























Detalha para o Uro na parte frontal, e mais a cima o corte bem rente do galho indesejado.

Seta azul mostra o uro que fiz, devido a uma marca que a planta já tinha no local;
Seta vermelha mostra a poda do galho indesejável que ali existia;
Os dois riscos amarelos simulam o efeito que pretendo chegar quando unir o uro a marca da poda do galho;
A linha preta acima da seta azul mostra o galho que pretendo tirar para favorecer o galho mais baixo que cresce na lateral.
A linha preta do lado da seta vermelha mostra outro galho que pretendo retirar para favorecer a brotação circulada pelo retângulo amarelo.
Após iniciar o trabalho da parte baixa da planta, pretendo pensar no que fazer na parte de cima, circulada de azul. Ali tenho que trabalhar a conicidade da planta, e para isso pretendo reduzir seu tamanho ao máximo e trabalhar um novo ápice e torcer para que haja brotação lateral, para não ficar um tronco liso.