26 de abril de 2011

Possibilidades de um Buxinho Yamadori

Vamos para o post que promete ser um dos mais longos até o momento!!

Origem...

O buxinho foi coletado, aliás, "achado" em um canteiro público na RJ 116 em péssimo estado, tanto a planta quanto o canteiro. Por causa de um acidente, o canteiro foi destruido e ficou apenas o torrão com a planta. Como bom amante da natureza que sou, não poderia deixar aquela planta secar até a morte, peguei pra mim!!!

Fim do Inverno de 2009


Assim que a peguei, percebi que ela já estava daquele jeito a alguns dias, imediatamente comprei o primeiro vaso que coubesse o desmantelado torrão em um horto próximo, apenas para transportá-lo. Chegando em casa, preparei um substrato e um vaso de cimento para comportá-lo sem danificar nenhuma raiz. Não fiz nada além de comecar uma leve educação dos galhos, tracionando e afastando os dois principais.

Recuperada...

Por ser uma planta de beira de asfalto, seu tronco e folhas estavam recobertos por fuligem, era uma planta fraca e sem viço... Passado alguns meses começei a adubá-la, ela respondeu bem e começou a brotar substituindo as folhas fracas e deficientes por folhas viçosas e perfeitas, a fuligem foi sendo retirada com bastante borrifação e escovinha de dentes gradativamente... e a planta foi se recuperando...
Após adubação frequente, limpeza leve de alguns galhinhos desnecessários e leve condução de outros a planta hoje se apresenta assim:






Problemas... 

Conforme visto nas fotos acima, a planta apresenta um caule muito alto e sem conicidade nehuma, seu tronco não tem expressão, o primeiro galho é extremamente forte, reto e sem conicidade, brigando com o resto da planta. O segundo galho cresce para frente, levemente voltado para a direita, apresentando também grande força e os mesmos problemas do 1º. O ápice é extremamente infantil e sem personalidade... Outra questão bastante relevante é o lentíssimo crescimento da espécie, que torna seu desenvolvimento algo bem a longo prazo. Tantos problemas me fizeram pensar em inúmeras possibilidades para a planta, vejamos abaixo:

Projeções para o futuro...


1) Um caminho a seguir é amadurecer o atual estado da planta, definindo bem os patamares verdes, eliminar o galho forte que cresce pra frente e deixar desenvolver um pequeno ramo que nasce logo atrás do galho a ser removido. Porém, até o ramo se desenvolver até substituir o espaço deixado pelo galho que cresce pra frente levaria muito, muito tempo... uma alternativa seria usar o galho forte que cresce pra frente, porém ficaria algo forçado e anti natural...
No primeiro galho forte que cresce para a esquerda, seria necessário um enxerto a esquerda como futuro ramo, o que também demandaria um tempo razoável... seria possivel também puxar o ramo dele que cresce pra traz um pouco para a direita, daria uma leve curva e seria um patamar verde como os vistos em árvores bem antigas, onde cobre-se a lateral e a trazeira com um mesmo galho, quase uma saia verde.
No mais seria modelagem e educação dos galhos, sem muita intervenção e bastante paciência...
O meu medo nesse esquema é o visual final da árvore se assemelhar demais a uma topiaria, estilo este onde o buxinho é muito usado, e fugir totalmente do estilo natural que se busca com o bonsai, além de ficar demasiadamente alto, e nada compacto.


2) Este é um estilo que me agrada bastante, no desenho não parece, mas vendo a planta e analisando cada detalhe, essa segunda projeção é muito atraente. Vários problemas estéticos seriam resolvidos, a árvore ficaria com um aspecto bem selvagem e natural, do jeito que eu gosto.
A parte mais alta da planta se transformaria em um grande ten-jin, o galho forte que cresce pra frente seria como um espelho, ainda vivo, do tronco que secou, seguindo exatamente o mesmo desenho, transparecendo bastante idade à planta que conseguiu substituir o topo da árvore por um novo. O galho forte que cresce para a esquerda ficaria responsável pelo movimento da árvore em seu estilo fukinagashi...
A conicidade ainda seria um problema, porém suavizado pela dramaticidade no novo estilo. Seu ângulo de plantio seria levemente alterado para a esquerda, harmonizando melhor com o estilo.


3) Pensei bastante no que fazer com essa planta, inclusive cheguei até no estilo cascata... Parece algo meio absurto, mas também seria algo selvagem e inusitado, e sem parecer muito artificial.
Quanto ao plantio, tudo vai depender do estado das raízes, nessa projeção, pensei em um vaso orgânico, em formato de concha ou gota, ou talvez em um fundo quadrado e clássico

Vejamos o que o tempo me reserva!!
Mas a segunda projeção muito me agrada...

Desculpem os desenhos extremamente amadores, mas para meu estudo da planta foi bastante útil.
Realmente quando esboçamos a planta e as possibilidades, o aprendizado e entendimento é exponencializado...

Fiquem à vontade para comentar!!
Forte abraço,

Leonardo Couto

4 comentários:

  1. olá leonardo, faz tempo que não posto, mas nunca deixo de conferir seus posts:)
    realmente uma planta muito interessante e como mostrado por você, com muitas opções para o futuro.
    eu particularmente ficaria com a segunda opção no estilo fukinagashi. É um estilo que eu gosto muito e parece se adequar bem a planta, além de corrigir vários erros por você citados.
    Mas claro que a decisão é inteiramente sua, pois ainda não sabemos como a planta reagirá daqui pra frente.
    Então fica aqui minha opnião, espero que seja útil:)

    forte abraço.

    alias, além de meus 3 pré bonsais, consegui várias sementes de acerola das quais 7 já estão plantadas. 7 futuros bonsais espero :)

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  2. Olá Thiago!!

    É isso mesmo!! Para suavizar as imperfeições, quero dar um visual bem dramático à planta, e uma linguagem bem própria...
    Essa espécie de é muito usada no paisagismo com formas topiadas, os famosso buxinhos em bolinha, e/ou formas artificiais.
    Quero fugir completamente disto como mostra a projeção 2.
    Como a planta apresenta tronco já claro, folhas bem pequenas e crescimento bem lento, será de acordo um estilo parecido com as coníferas, conferindo à planta idade e personalidade!!

    Assim que fizer essa estilização trago aqui para meu diário de bonsai!!

    Forte abraço,

    Leonardo Couto

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  3. Olá Leonardo.

    Agora aqui no teu interessante Blog,estou a comentar porque tenho andado ás voltas com as fotos deste Buxus,que fico muito interessado um pouco por contágio da tua alegria com ele.

    Pelas fotos já se sabe que é sempre muito dificil de analizar uma planta,faltam os angulos,não se percebe muitas vezes permenores e dimensão,etc..

    Mas apenas como uma abordagem ao seu Buxinho,sem entrar na parte do cultivo,que penso que terá a maior importancia para que consigas com os anos ver o projecto evoluir saudavelmente.

    Parece-me que a arvore para a espeçura do tronco está desmedidamente alta e que talvez fosse esse o 1º passo na construção de um desenho,que se for bem pensado de principio é o principal para que siga com rumo,leve o tempo que levar.

    E tendo isso em conta e sem ter visto a planta sem ser nas fotos que publicaste,eu tentei apenas pelas fotos claro tentar resolver de inicio problemas que penso que vai ser dificeis de resolver com um desenho de uma arvore alta.Porque o tronco não condiz e tira uma possivel purpoção coerente e harmoniosa.

    Talvez para manter a altura da arvore teria de se ir para um trabalho de engorda,que nos Buxus não é o mais facil.

    Uma maneira que me pareceu que talvez desse para avançar com a arvore,foi aproveitar a saida do tronco mais fino,que daria logo mais conecidade á arvore,rebaixava-a automaticamente e dáva também movimento.

    Apartir dai seria aproveitar alguns ramos para partir para desenho.
    E se gostasses de uma arvore num estilo mais selvagem,aproveitar o tronco grosso pa um tronco seco (jin) com movimento e deixar engrossar alguns ramos do outro tronco para fazer mais um ou dois ramos secos no desenho final.

    Deixo aqui mais ou menoss a ideia que estou a falar com uns desenhos feitos no paint apartir de uma das fotos que parece que daria um angulo para fazer um trabalho deste tipo.

    Isto é obvio é uma opinião através de fotos e que não sei se gostas deste tipo de desenho num Bonsai e claro é um projecto daqueles para saborear a longo prazo,como tenho visto bastantes brilhantes em que os que me ficaram sempre na ideia foram os Acer do Sr.Sebastian Fernandes construidos do nada e que agora são arvores estupendas para seguirem gerações e o entusiasmo que ele fala desses projectos,a beleza e até aqueles reconhecimentos de artigos em revistas embora isso não seja de modo algum relevante para o sentido com um trabalho.

    Fica apenas uma maneira de olhar para esta tua arvorezita.
    E uma maneira de ver o seu rumo embora não saiba se é compativel com a tua maneira de a veres,que é o que interessa mais.

    Um abraço
    Rodrigo Sousa

    Os desenhitos estão alojados aqui nestas ligações,tentei fazer de maneira compreencivel a ideia.

    http://img232.imageshack.us/slideshow/webplayer.php?id=90295815.jpg

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  4. Olá Rodrigo!!

    Primeiro quero te parabenizar pela dedicação em querer me ajudar!!
    Parabéns mesmo, quem sabe se aqui no Brasil as pessoas tivessem a boa vontade que você mostra, talvez a arte fosse mais arte e menos comércio... mas enfim...
    Muito obrigado pela dica, achei lindo seu desenho, perfeito!!
    Eu não tinha pensado nisso, e confesso que fiquei bem a vontade com o desenho, senti-me embaixo daquela árvore...
    Eu sempre tento me sentir embaixo da árvore para buscar naturalidade...
    Vou analisar com muito prazer seu desenho junto ao lado de meu buxus...
    Mas de cara já digo que tem grandes chances...
    Como você disse, por foto é muito difícil, principalmente as minhas fotos e os meus desenhos...rsrs
    Mas o segundo desenho que eu fiz, também me causa grande impressão, ajustando alguns pormenores que fotos e desenhos não permitem mostrar, ele ficaria muito atraente também nessa projeção...
    Vou analisar com cuidado e pensando no melhor para a árvore, até mesmo pela contemplação que causará...
    Mais uma vez, muito obrigado pela dedicação,

    Forte abraço,

    Leonardo Couto

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